Novo volume da Bíblia, poemas inéditos do Prémio Pessoa e biografia de Luiz Pacheco
05.01.2022
 

Guiados pelos melhores, prometemos leituras entusiasmantes para 2023. Começamos o ano com poemas inéditos do recém-nomeado Prémio Pessoa, João Luís Barreto Guimarães. Nascido no pós-pandemia, Aberto Todos os Dias chega às livrarias na próxima semana, a 12 de janeiro, no mesmo dia em que a Quetzal se orgulha de publicar a biografia de Luiz Pacheco, O Firmamento É Negro e Não Azul, de António Cândido Franco.

Do autor das biografias de Agostinho da Silva – O Estranhíssimo Colosso – e de Mário Cesariny – O Triângulo Mágico – chega a história do temível e inconformista Luiz Pacheco. Escrita de forma ágil, solta, sem preconceitos de linguagem – como se espera em se tratando de Luiz Pacheco –, O Firmamento É Negro e Não Azul reconstrói alguns dos períodos mais negros da vida do «escritor maldito», uma vida cheia de lendas que o próprio alimentava e que este livro revisita, investiga, redescobre e amplia.

 

Ainda em janeiro, a 19, regressa às livrarias um livro obrigatório. Falamos de Biblioteca Pessoal, de Jorge Luis Borges. Esta é uma seleção pessoalíssima que o sábio de Buenos Aires nunca chegou a concluir. São 74 escolhas para integrar uma lista de cem livros de uma «biblioteca pessoal», que refletem as preocupações e os gostos literários do escritor: «Desejo que esta biblioteca seja tão variada quanto a curiosidade que a mesma induziu em mim.» Patti Smith chega à Terra Incognita a 2 fevereiro, com M Train, uma das experiências mais contagiantes para quem alguma vez foi ferido pelo animal da literatura, conduzindo o leitor pelos lugares em nome da memória que transportam. Ilustrado com polaroides da própria autora, este é um livro de viagens e uma bela meditação sobre leitura, escritores – e cafés.

 

No mesmo mês, a Quetzal apresenta o cubano Marcial Gala em Portugal, vencedor do Prémio Alejo Carpentier, do Prémio da Crítica para o melhor livro publicado em Cuba em 2012 e do prémio do Instituto Cervantes. O romance Chamem-me Cassandra foi galardoado com o Premio Ñ, atribuído na Argentina. «Deslumbrante», foi como lhe chamou o The New York Times. «Mais negro e resplandecente» do que Crónica de Uma Morte Anunciada, na opinião de Junot Diaz, Chamem-me Cassandra é um romance de iniciação e identidade que cativa desde as primeiras páginas. Rauli tem dez anos, vive em Cuba, e sabe três coisas sobre si: 1) nasceu no corpo errado; 2) vai morrer aos 18 anos como soldado em Angola; 3) é a reincarnação da princesa de Troia, Cassandra. De compleição clara e delicada, o protagonista de Chamem-me Cassandra tem o dom da profecia e a maldição de ninguém acreditar nele.

 

Damos também a conhecer o primeiro livro de Simão Lucas Pires, A Trombeta Vaga, que será apresentado no festival Correntes D’Escritas, na Póvoa de Varzim. Aguardem, que vão gostar – e muito. Ainda em fevereiro, Pablo D’Ors, leva-nos, com Espanto e Encantamento, a descobrir o poder do diminuto, do pequeno, do pormenor e da observação através das memórias de um vigilante do Museu dos Expressionistas de Coblença, depois de 25 anos como funcionário. O relato de uma vida aparentemente monótona e insignificante, mas de uma intensidade assombrosa.

 

2023 é o ano do muito aguardado volume V da Bíblia, a extraordinária tarefa de tradução de Frederico Lourenço. Chegará no início da primavera. J. Rentes de Carvalho, Jorge Carrión (com o seu Contra a Amazon) e Julian Barnes são autores consagrados que continuam a surgir com novas e cuidadas edições, ao lado de Maxime Rovere e Paul Theroux ou Susan Sontag – sem esquecer revelações nacionais.

 

Não perdoamos, é o que é.